Todo esse patrimônio está no livro "Interiores do Brasil - A Influência Portuguesa no Espaço Doméstico", da designer de interiores Maria Lúcia Machado, que será lançado hoje, no Museu de Artes e Ofícios.
Com mais de cem imagens, a obra é uma adaptação da dissertação de mestrado de Maria Lúcia, defendida no Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (Iade), em Lisboa. A autora descreve a evolução arquitetônica no Brasil entre 1808 e 2008, dividindo-a nas fases colonial, neocolonial e modernista.
"Com a chegada da família real, em 1808, os costumes da nobreza portuguesa foram sendo incorporados no Brasil. Isso inclui uma reestruturação do traçado urbano e do mobiliário", diz Maria Lúcia. Segundo ela, uma das imposições de D. João VI foi a proibição da construção de casas térreas no Rio de Janeiro, com a intenção de transformar a cidade numa metrópole moderna e pujante.
A estética lusitana tem um hiato no Brasil a partir da proclamação da Independência, em 1822. Mas volta com força no século XX, com a arquitetura luso-brasileira. Mais adiante, no modernismo, certos elementos continuam presentes, mas obviamente sofrem transformações. É o caso das pedras portuguesas. "Hoje, elas abandonam os calçadões de praias e praças e ganham o interior das residências em pisos e paredes", diferencia a designer.
Mas ela também registra uma inversão de influências. O exemplo mais emblemático é a azulejaria.
"O Brasil foi pioneiro na utilização de azulejos como revestimento de fachadas para driblar a umidade do clima nas cidades do litoral. Só depois Portugal começou a adotar a prática", contrasta Maria Lúcia.
Para compor o livro, patrocinado pela empresa de serviços geológicos Georadar, a autora percorreu boa parte do acervo museológico brasileiro. Ela destaca o Museu Imperial, em Petrópolis (RJ). "Apesar do estilo neoclássico de influência francesa, o preservado mobiliário traduz muito do cotidiano da corte", diz.
Agenda
O que. Lançamento do livro "Interiores no Brasil - A Influência Portuguesa no Espaço Doméstico", de Maria Lúcia Machado
Quando. Hoje, às 19h30
Onde. Museu de Artes e Ofícios (praça da Estação, s/n, centro)
Quanto. Entrada franca. O livro será vendido a R$ 70
Com seu calçamento de pedra, a cidade de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, é o principal exemplo mineiro da herança colonial lusitana, com forte influência árabe. Segundo a designer de interiores Maria Lúcia Machado, "o principal elemento são os muxarabis, treliças de madeiras nas janelas e varandas com a função de atenuar a claridade".
Outro exemplo de interferência portuguesa é o traçado do casario colonial. "Muitas fachadas são revestidas com pedra de lioz, um calcário da região norte de Lisboa", observa Maria Lúcia.(FT)
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